o que era doce, virou sal

e meu sorriso não é tão branco quando antes, também pudera, agora há algo de metálico nele, que em meses é azul e em outros varia, o jornal me informa o que eu já sei, a realidade que todos veem mas ninguém quer mudar, mas e pra que falar disso ? desde o dia em que resolvi crescer os belos tênis com luzes não me agradam mais, e diga – se de passagem que nunca cheguei a usar um, não que eu lembre, e o sorvete de morango é tão repugnante que prefiro até feijão, agora o bom mesmo é de chocolate com bastante cobertura pra valer bem o dinheiro, os meus momentos bons a tarde se foram, acabou aquele tempo de sair pelo centro para tirar fotos e ficar sem fazer nada, o bom agora é dormir em cada intervalo, e as coisas que planejo na escola raramente duram mais que até o meio – dia e tenho dito, os adesivos dos cadernos nunca me serviram pra nada, televisão não me comove.